Um novo olhar

Qual a qualidade do olhar daqueles que educam as crianças? Certas crianças encontram-se prisioneiras de um olhar cristalizado e estigmatizante. Um olhar viciado, que enxerga as mesmas coisas sempre.

Recentemente assisti o filme “Como estrelas na Terra”, uma produção de 2007 do diretor indiano Aamir Khan. O filme provocou uma reflexão profunda a respeito da necessidade de desenvolvermos um novo olhar para as crianças, para cada individualidade.

O filme conta a história de um menino que sofre de dislexia. Relata seu sofrimento na escola, entre amigos e no ambiente familiar. Até o dia em que um professor substituto de Artes entra em sala de aula e olha para o menino. Com um olhar sensível e um plano pedagógico, ele consegue resgatar a alegria de viver do menino e sua vontade de aprender.

novo olhar

 

Ao ver o filme me perguntei: qual a linha pedagógica desse professor? Sócio-construtivista? Sócio-interacionista? Montessoriana ou Waldorf?
A linha pedagógica praticada por esse professor é a Pedagogia do Amor. Um tipo de abordagem milenar, idealizada e difundida por Jesus Cristo, que em toda sua trajetória de vida mostrou compaixão e ofereceu um olhar atento e individualizado à todos que dele se aproximavam.

A história do menino Ishaan muito me fez lembrar uma frase de Goethe: “Trate um homem como ele é e ele permanecerá como é; trate-o como ele deve ser e ele será como pode e deve ser” e outra de José Saramago no Ensaio sobre a cegueira, “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

Qual a qualidade do olhar daqueles que educam as crianças? Certas crianças encontram-se prisioneiras de um olhar cristalizado e estigmatizante. Um olhar viciado, que enxerga as mesmas coisas sempre.

O olhar que alcança a essência da criança é o tipo de olhar fluídico, aquele que não se fixa em um único ponto, é penetrante e tem longo alcance. O olhar que enxerga a necessidade da criança é um olhar livre de preconceitos, que se renova a cada dia, criando uma nova possibilidade de vir a ser.

Assim Cristo olhava seus discípulos, com um olhar profético, tipo de olhar que alcança o futuro, independente das circunstâncias adversas do momento presente. Um olhar que vê além das aparências e comportamento em si. Esse é o olhar crístico que devemos almejar. Assistam o filme. Vale muito a pena.

“Aquele que muda de olhar, muda de mundo.”  –  Jean-Yves Leloup

Em tempo: Bendito sejam os professores substitutos que chegam como uma possibilidade de renovação do olhar para individualidades ofuscadas e imprimem uma dinâmica diferenciada para o coletivo!

Boas reflexões, abraço
Ana Lúcia Machado

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