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VOCÊ TEM FOME DE QUÊ? – COTIDIANIDADES

Você tem fome de quê?

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ? – De noite na cama

O sono parecia ter desaparecido no meio da noite. Permaneci de olhos fechados, sem me revirar na cama, afinal não queria perturbar o sono da casa toda.

Não sei que horas eram, nem quanto tempo fiquei ali tentando adormecer de novo.  Nenhuma preocupação aparente, nenhum pensamento perturbador, nem dor.

No silêncio da madrugada os pequenos ruídos, tornam-se enormes barulhos – o pingo de água na pia do banheiro, a respiração do companheiro ao lado, os movimentos do cachorro do vizinho pelo jardim.

Nesta escuta atenta, me pareceu possível ouvir até o sangue circulando pelas veias. Com certeza um exagero, uma fantasia, mas sem dúvida pude ouvir o ronco do meu estômago.

Fome, foi que o pensei de imediato. Será que estou com fome e por isso não consigo dormir? Levantei, pé ante pé. Fui até a cozinha. Abri a porta do armário e olhei o que poderia comer àquela hora da madrugada. Sim, torrada pensei, ao ver o pote cheio de torradas fresquinhas que havia preparado no dia anterior. Peguei o pote, requeijão na geladeira  e preparei um chá.

Me sentei à mesa e comecei a comer, olhando a escuridão da noite pela janela. Mas mal consegui comer uma torrada inteira. Não estava com fome, conclui. Levantei, apaguei a luz da cozinha.

Ao passar pela sala, parei em frente a estante de livros e meus olhos, como a me comandar, passearam pelas prateleiras, até que encontraram Cânticos, de Cecília Meireles.

Peguei o livro, acendi a luminária ao lado da poltrona e sentei. Abri em uma página aleatória. Li um cântico, li dois cânticos e pausei, a degustar  com vagar aqueles versos.

Prossegui  –  comi  mais um e mais outro, até esvaziar o pote.  Fiz mais uma pausa e de repente bocejei. Aí  percebi  que a fome,  sim,  foi o que me fez despertar no meio da noite. A fome da alma, que saciada e silenciosa,  adormeceu comigo.

 

VOCÊ TEM FOME DE QUÊ?  Pelo que anseia a sua alma? Que alimento você oferece à ela?

Você tem fome de quê?Finalizo com dois Cânticos:

Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde és Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa,completamente silencioso,
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro.
Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

Este livro me acompanha e nutri minha alma desde 2000. Já presenteei muitas amigas e amigos queridos com ele. Há uma edição mais atualizada, veja AQUI, mas adoro a capa dessa edição da Editora Moderna.  São 26 poemas,  escritos em 1927, quando Cecília Meireles ainda não era uma celebridade literária. Eles tem uma relação com o Oriente. Pesquisadores da obra da autora falam que ela leu e estudou a poesia oriental do indiano Rabindranath Tagore. Vale a pena tê-lo sempre à mão.

Abraço

Ana Lúcia Machado

O PROCESSO NATURAL DAS COISAS E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

o processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

O desrespeito ao processo natural das coisas sempre refletirá de forma negativa no desenvolvimento infantil. As etapas de desenvolvimento da criança não devem ser aceleradas. Por mais complicada que seja a vida de cada um, as crianças precisam de calma no dia a dia, precisam de atenção e da presença plena dos adultos a interagir com elas.

A  infância é  o período em que se aprende sobre todas as coisas essenciais da vida, é o solo sob o qual cada ser humano constrói sua existência, daí  sua enorme importância. Os primeiros anos de vida devem ser vivenciados com calma e respeito à ordem natural do desenvolvimento biológico infantil,  com a clareza do que realmente tem valor para o começo da vida.

Infelizmente não é assim que as coisas tem acontecido.  A pressa e antecipação  às etapas do desenvolvimento infantil  tem sido a tônica da primeira infância, o que tem causado muitos problemas na vida das crianças, nos âmbitos biopsicossocial.

O desconhecimento por parte dos adultos de referência da criança sobre o que realmente importa neste período da vida, tem descortinado  à elas um mundo extremamente artificial,  desprovido de sua  verdadeira essência, hostil à natureza lúdica deste ser  recém chegado à Terra que precisa sentir confiança e a convicção de que o mundo é bom.

LEIA TAMBÉM:  INFÂNCIA PEDE CALMA. VAMOS DESACELERAR?

Quero propor neste texto uma reflexão sobre a ordem natural das coisas na vida das crianças com o intuito de orientar pais e educadores e prevenir o estresse infantil. Devemos ter como ponto de partida o fortalecimento das relações de afeto no seio familiar para então ampliar o mundo da criança. Partir do simples, do natural, do que está perto, do pequeno, para aos poucos alcançar o maior, o distante, o abstrato.

PROCESSO NATURAL DAS COISAS

O processo natural das coisas - desenvolvimento infantil Você sabia que antes de calçar o bebê, colocar aquele tênis colorido em seus lindos pezinhos,  a criança precisa sentir e conhecer o  mundo pela sola dos pés?

Antes de ouvir Bach, Vivaldi, Mozart, ou quaisquer compositores de música, a criança precisa escutar a voz humana, as canções de ninar entoadas pela mãe, pai, avós. A voz humana propicia calma e confiança à criança.

Antes de ler histórias de belos livros ilustrados, a criança tem necessidade de ouvir os pais contarem suas memórias de infância – como brincavam,  suas travessuras, etc. Além  de contarem  as histórias que ouviam de seus pais antes de irem para a cama quando meninos. Isto traz um sentimento de pertencimento, de raiz.

Antes de falar inglês ou qualquer outro idioma estrangeiro, a criança aprende a falar a língua materna ouvindo a voz doce da mãe e as conversas ao seu redor. A língua materna traz segurança, conforto e também sentimento de pertencimento.

Antes de colocar a criança no judô, capoeira ou balé, role com ela no tapete da sala, girem, escorreguem, corram na grama do parque , na areia da praia, no quintal, em movimentos livres e espontâneos. Dancem – crianças são excelentes dançarinas!

O processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

Antes de levá-la para comer  fora de casa, leve-a para a cozinha  e juntos façam uma refeição caseira, gostosa. Ela poderá te ajudar a descascar, lavar, misturar, amassar e poderá sentir o delicioso aroma dos temperos enquanto a comida está sendo preparada. A cozinha é o lugar de aprendizado da vida social. É um espaço de partilhas e trocas.

Antes de oferecer à criança a imagem pronta das telas, o brinquedo  industrializado, permita que ela imagine, crie, construa suas brincadeiras, desenhe suas histórias. A capacidade imaginativa da criança vai se enfraquecendo aos poucos frente às telas, porque os filmes e desenhos sonham e fantasiam pela criança causando um empreguiçamento na alma infantil.

Antes de dar de presente um brinquedo eletrônico caro, compre umas varetas de bambu e algumas folhas coloridas de papel de seda e faça com ela uma pipa para empinar na rua de casa, ou no parque.

Antes de planejar uma viagem distante, programe pequenos passeios ao ar livre, pelo bairro, para conhecer parques e praças do entorno, apropriando-se dos espaços públicos, estimulando o espírito comunitário e o contato com a natureza.

Antes do movimento preciso e delicado das mãos para pegar no lápis e escrever,  a criança precisa movimentar o corpo inteiro –  pular num pé só, pular corda, amarelinha, virar cambalhota, subir em árvore. E precisa de você ao lado para incentivar, dizer que ela é capaz.

Precisamos entender que as brincadeiras são fundamentais nos processos de aprendizagem e aquisição de habilidades nos primeiros anos de vida. Nessa fase, a criança precisa se movimentar e ter diferentes experiências sensoriais.

O processo natural das coisas e o desenvolvimento infantil

Será pouco provável que na fase adulta uma pessoa se lembre do tablet que ganhou no Dia das Crianças, pois ao longo da vida ela irá adquirir e trocar de aparelho inúmeras vezes. Mas sem dúvida, não se esquecerá da pipa colorida rasgando o céu azul,  da força do vento na  linha do carretel em suas mãos e de você ao seu lado ensinando as manobras necessárias para a pipa voar longe.

 

Exercer a maternidade e paternidade com consciência, dando valor ao que realmente importa, fortalecerá a auto-estima das crianças. Somos os responsáveis por investir num reservatório de experiências ricas, vivas e reais no decorrer do desenvolvimento infantil para formar pessoas bem estruturadas e íntegras.

Para finalizar quero alertar para os perigos da antecipação da vida escolar das crianças. Segundo pesquisadores da Universidade de Harvard, a escolarização precoce tem aumentado o risco de diagnósticos de TDAH, depressão infantil e outras disfunções. Pesquisas recentes “mostraram que crianças americanas que estavam entre as mais jovens de sua série tinham muito mais probabilidade de serem diagnosticadas com TDAH do que as crianças mais velhas.”

Saiba mais: Diagnóstico de TDAH é frequente em crianças adiantadas na escola *

 

Prá que acelerar? Vamos respeitar o processo natural das coisas. A infância é curta demais para querer ter pressa  e desrespeitar o tempo de ser criança, você não acha?

 

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Ana Lúcia Machado

*Copyright © 2019, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

MENOS BRINQUEDOS, MAIS IMAGINAÇÃO

MENOS BRINQUEDOS MAIS IMAGINAÇÃO

Brinquedo é coisa séria quando o assunto é infância. Saber avaliar o que é um bom brinquedo para a criança depende primeiramente da compreensão do significado do brincar e do seu ciclo.

Brincar é o motor que move a infância. Brincar brota da alma. É um processo de ativação da criança. E como todo processo, é vivo, se manifesta numa sucessão de etapas e se expressa em gestos e formas maleáveis, moldáveis, mutáveis, permitindo a criança criar, construir, desmanchar e transformar.

Toda brincadeira parte de um desejo da criança, das suas narrativas, subjetividade e interesses pessoais. Ela pensa em brincar de determinada forma, e a partir dessa ideia, elabora maneiras possíveis de realizar a brincadeira, buscando reunir e compor materiais para alcançar seu objetivo. Na sequência, ela mesma constrói seu brinquedo, sua brincadeira e desfruta desse brincar, fechando assim o ciclo.

 

MENOS BRINQUEDOS MAIS IMAGINAÇÃO

Criar um brinquedo prepara a criança para o desenvolvimento de estratégias na vida adulta. A concentração exigida numa brincadeira, corresponde à mesma que será empregada em atividades profissionais no futuro.

A pediatra Ana Escobar – doutora pelo departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP explica que “brincar desenvolve o sistema neurológico, além de desenvolver também a imaginação. É a imaginação que nos dá as possibilidades e potencialidades de seguir novos caminhos na vida adulta, que começa na infância, por meio das brincadeiras e do pensamento mágico. Brincando, a criança – ou mesmo o adulto – estimulam as sinapses, comunicação entre os neurônios”.

 

MENOS BRINQUEDOS, MAIS IMAGINAÇÃO

Quando a criança brinca apenas com brinquedos industrializados, brinquedos prontos, inibimos seu impulso de transformar em brinquedo, elementos do cotidiano que estão à sua volta. O brinquedo pronto entregue nas mãos da criança quebra o ciclo do brincar indo direto para a etapa final do processo, desestimulando a imaginação, a criação livre, e o trabalho de construção.

Além disso, a criança perde rapidamente o interesse pelo brinquedo que lhe é dado pronto, pois com a ruptura desse ciclo, ela não se vincula ao brinquedo por não ter sido ativa no processo de criação.

Um bom brinquedo tem que ter plasticidade, de maneira que o mesmo objeto possa ser transformado pela imaginação da criança em várias coisas diferentes, de acordo com o enredo de suas brincadeiras.

MENOS BRINQUEDOS MAIS IMAGINAÇÃO

Um bom brinquedo é aquele que funciona e é movido pela energia da própria criança, por sua imaginação e capacidade criadora. É a força interior da criança que coloca em movimento objetos, que reúne materiais e compõem um todo repleto de sentido, produzindo alegria.  Essa mesma energia movimenta também o corpo da criança promovendo seu desenvolvimento e gerando saúde.

Num simples passeio ao parque, é possível descobrir o lúdico ao alcance das mãos – gravetos, sementes, folhas, pedrinhas, entre outras coisas, que magicamente podem se transformar em brincadeiras divertidas. Brincando com a natureza, possibilitamos às crianças atividades corporais essenciais para o seu desenvolvimento e nutrimos a sua imaginação estimulando a criatividade.

A história do livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA, narra de forma lúdica, na linguagem da criança, exatamente essa capacidade imaginativa infantil. O livro conta a história de um grupo de crianças que brinca num parque. Ao longo da tarde as crianças inventam muitas brincadeiras com gravetos. No decorrer da história os gravetos passam por várias transformações nas brincadeiras da turma.

Saiba mais sobre o livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA

Aqui vale a expressão “menos é mais”. Menos brinquedos prontos, significa mais imaginação, criatividade, desenvolvimento e saúde na vida da criança.

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado

EDUCANDO TUDO MUDA ESTÁ EM FESTA – 3º aniversário

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

Educando Tudo Muda está em festa

Está completando 3 anos. Desde a primavera de 2016 desenvolvo este trabalho pela conscientização de educadores e pais sobre os grandes temas da infância com o intuito de promover mudanças nas dinâmicas familiares visando o desenvolvimento integral da criança e mudanças no âmbito da Educação Infantil defendendo o direito de brincar da criança e sua relação com a natureza.

Para comemorar esta data acabo de lançar o livro A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA. O livro conta a história de um grupo de crianças que se reúne num parque do bairro para brincar. No decorrer da tarde inventam muitas brincadeiras com o que a própria natureza oferece. João é o primeiro a chegar no parque numa tarde fria de outono. Enquanto espera a Turma da Floresta, caminha pela mata até que tropeça num graveto. O menino apanha o graveto do chão e assim tem início uma tarde cheia de aventuras e brincadeiras.

Educando Tudo Muda

 

A história foi inspirada nas crianças participantes dos encontros do ‘Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza’, evento que acontece periodicamente em parques da cidade de São Paulo visando incentivar as famílias a ocupar os espaços públicos e interagir com seus filhos em contato com a natureza.

Acesse  AQUI para participar do próximo encontro.

 

 

A Turma da Floresta chega num momento em que estamos buscando soluções para reverter o afastamento das crianças do mundo natural e pensando em cidades mais amigáveis à elas. Vem para contribuir com o movimento de reconexão e incentivar as explorações e descobertas na natureza pelas crianças.

Meu desejo é que essa história alcance as crianças de todos os cantos do Brasil e que inspire a reaproximação da infância à natureza.

 

A TURMA DA FLORESTA PELO BRASIL

A Turma da Floresta tem viajado para diferentes lugares todos os dias. Já chegou na Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, várias cidades do interior de São Paulo e muitos bairros da capital.

QUER SER DA NOSSA TURMA?

O livro está à venda no site Educando Tudo Muda com promoção de frete gratuito* para qualquer localidade do Brasil.

Para comprar clique AQUI.

Educando Tudo MudaVocê também encontra o livro na Livraria Antroposófica – Rua da Fraternidade, 180  em Santo Amaro, na capital paulista.

No dia 28 de setembro – 14h, acontecerá o lançamento na Livraria PanaPaná, especializada em literatura infantil. Estarei lá contando a história dessa turma e brincando com as crianças –  Rua Leandro Dupret, 396 Vila Clementino.

E dia 1º de outubro – 14h, vou participar do programa “Era uma vez”, da Rádio Mega Brasil Online, apresentado por Celina Bodenmüller e Fabiana Prando, para falar sobre a Turma da Floresta.

Para ouvir e ver, basta acessar o canal:

Mega Brasil Comunicação

 

Não fazemos nada sozinhos, não é mesmo?Todo fazer humano é resultado do trabalho de muitas mãos.

Educando Tudo MudaNeste caso, tive a parceria do Daniel Salvetti, que fez as ilustrações. Daniel foi aluno  desde sempre em escolas de pedagogia Waldorf, fez graduação em Ciências Econômicas e Mestrado em Desenvolvimento Internacional e Emergências Humanitárias. É sua estréia como ilustrador.

“Sempre tive paixão por artes e um encantamento por livros infantis, principalmente aqueles que falam algo verdadeiro de forma lúdica, sincera e bonita”.

O projeto gráfico tem assinatura da Debora Barbieri do Coletivo BabaYaga. A Debora é Graduada em comunicação social,Pós-graduada em design gráfico e Mestranda em Literatura e Crítica Literária na área de Literatura Infantil.

 

 

Educando Tudo Muda já percorreu muita estrada nestes 3 anos de existência, e muita coisa nova está por vir. Neste momento estou preparando um curso online sobre o tema Criança e Natureza que será lançado até dezembro.  O curso visa formar facilitadores da conexão das crianças com a natureza.

Você trabalha com crianças, tem filhos, sobrinhos, netos? Sente a necessidade de promover a reaproximação da criança à natureza? Se sim, quero te convidar para participar de uma pesquisa para identificar as dificuldades e necessidades dos educadores, pais, e todas as pessoas que tenham uma ligação afetiva com a infância, no tocante a este tema. A pesquisa ajudará na criação do curso.

Participe, colabore no desenvolvimento do curso e ajude nossas crianças! Compartilhe e convide outros educadores, pais, avós, tios para participar também. Clique em PESQUISA, abaixo, para responder o questionário. Conto com seu apoio.

PESQUISA

 

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Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

*Frete gratuito apenas em território nacional. Para compras fora do Brasil, envie o endereço de entrega para ana@educandotudomuda.com.br e aguarde retorno com as instruções de compra.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA, literatura infanto juvenil

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA  acaba de ser lançado.

O livro conta a história de um grupo de crianças que se reúne num parque do bairro para brincar. No decorrer da tarde essa turminha inventa muitas brincadeiras com o que a própria natureza oferece.

A Turma da Floresta - uma brincadeira puxa outra

João é a primeira criança a chegar no parque numa tarde fria de outono. Enquanto espera a Turma da Floresta, caminha pelo parque até que tropeça num graveto. O menino apanha o graveto do chão e assim tem início uma tarde cheia de aventuras e brincadeiras.

A história foi inspirada nas crianças participantes dos encontros do ‘Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza’, que acontece periodicamente em parques públicos da cidade de São Paulo.

 

A TURMA DA FLORESTA – POR QUE ESCREVI ESTE LIVRO?

Desde 2016 faço coro com algumas vozes que clamam no deserto, como o programa Criança e Natureza,  alertando a sociedade sobre a importância do começo da vida, desenvolvendo um trabalho de despertar a consciência sobre a complexidade dos tempos atuais e seus efeitos sobre a infância.

Essa era da complexidade tem afetado de maneira assustadora nossas crianças. O mundo que temos apresentado à elas é um mundo estranho, e em sua essência, artificial. A alma da criança anseia por um mundo verdadeiro. E neste quesito temos sido incompetentes, admitamos.

Acredito na potência do começo da vida. Aposto na mudança e invisto em projetos como o Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza, que tem o intuito de criar uma comunidade de famílias que brincam com seus filhos em contato com o mundo natural, num movimento pró infância e natureza pela sustentação da vida.

É por isso que estou lançando o livro A Turma da Floresta- uma brincadeira puxa outra. Para mostrar que transgredir a ordem mundial é preciso, que levar as crianças para a rua é fundamental, e reinserir as crianças à paisagem natural é uma questão de sobrevivência da espécie humana.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA.

O livro começa dizendo: “Num tempo em que quase nenhuma criança mais podia brincar na rua, havia uma turminha no bairro conhecida como a Turma da Floresta…”

Que tempo é esse? É o nosso tempo. É hoje. E se hoje não ousarmos agir diferente, se não ousarmos acreditar e inventar um outro jeito de ser e estar no mundo, sucumbiremos atrás dos muros da pseudo segurança, dos alarmes, das paredes e portões. Continuaremos a isolar nossos filhos, ilusoriamente,  em salas protegidas –  de estar, de TV, de aula, e principalmente nas salas dos consultórios psicológicos-, para tratar toda a espécie de transtornos e distúrbios.

 

Este livro chega num momento em que estamos buscando soluções para reverter o afastamento das crianças do mundo natural e pensando em cidades mais amigáveis à elas. Vem para atender as ânsias da infância, alimentar a imaginação infantil e incentivar as explorações e descobertas na natureza.

A Turma da Floresta é uma história para todas as idades – para nutrir a alma humana e  despertar a consciência de pais e educadores sobre a necessidade da criança  passar algum tempo em contato com a natureza diariamente, em interação direta com a vida.

É uma história escrita para acordar os homens e adormecer as crianças (Carlos Drummond de Andrade em Canção amiga, Novos Poemas, 1948).Quem tem ouvidos para ouvir ouça esta canção, leia essa história.

A TURMA DA FLORESTA  JÁ ESTÁ À VENDA AQUI NO EDUCANDO TUDO MUDA COM PREÇO ESPECIAL DE LANÇAMENTO E FRETE GRATUITO* NESTE PERÍODO

Garanta já o seu exemplar com desconto e frete gratuito AQUI.

Esta publicação tem ilustrações de Daniel Salvetti e  projeto gráfico assinado  por Debora Barbieri.

As primeiras 50 pessoas que comprarem o livro serão minhas convidadas especiais para uma roda de leitura online mediada por mim, em data a ser marcada posteriormente.

A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA.QUER SER DA NOSSA TURMA?

Acompanhe as brincadeiras da Turma da Floresta pelo parque e descubra o mundo fantástico da imaginação infantil. Sinta-se chamado a conectar-se com a natureza e fazer parte desta turma também.

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Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

 

*Frete gratuito apenas em território nacional. Para compras fora do Brasil, envie o endereço de entrega para ana@educandotudomuda.com.br e aguarde retorno com as instruções de compra.

CRIANÇA E NATUREZA NA VISÃO DE RICHARD LOUV

CRIANÇA E NATUREZA –  UM MOVIMENTO PELA SUSTENTAÇÃO DA VIDA

Criança e natureza são indissociáveis na visão de Richard Louv. Na minha visão também.

Você sabe quem é Richard Louv?  Trata-se de  um jornalista norte  americano, especialista em Advocacy pela infância. Fundador da Children Nature Network, é  considerado uma das maiores autoridades mundiais no tema criança e natureza.

criança e natureza

 

É também autor de vários livros – dois traduzidos para o português: O Principio da Natureza’, de 2014 e  ‘A Última Criança na Natureza, publicado em 2016 em parceria com o Instituto Alana,  dentro do programa Criança e Natureza. 

Estatísticas revelam que atualmente mais de 80% da população brasileira vive em cidades e que as crianças que moram nos grandes centros urbanos passam 90% do seu tempo em locais fechados, dentro de casa,  em frente da televisão, jogando vídeo games, ou nas escolas dentro de salas de aula. Quando saem com os pais vão ao shopping, restaurante ou cinema.

Doenças que passaram a ser comuns entre as crianças nos dias de hoje, tais como  transtorno de hiperatividade, déficit de atenção, depressão, pressão alta e diabetes, estão diretamente ligadas com a falta de natureza.

 

Criança e natureza

Em “A última criança na natureza”, o jornalista aponta inúmeros estudos sobre os benefícos do contato com a natureza. Apresenta provas constatáveis e conta histórias pessoais interessantes, mostrando como a relação com o mundo natural estimula o desenvolvimento integral da criança, melhora a saúde e gera bem estar, entre muitas outras benesses.

Ele cunhou o termo ‘transtorno de déficit de natureza’ para ALERTAR sobre o estilo de vida contemporâneo que está levando as crianças a crescer distantes do meio ambiente e de seus  processos de vida, gerando vários problemas físicos e mentais.

No livro ‘O Principio da Natureza’, Louv afirma que “quanto mais tempo do nosso dia passarmos na companhia de tecnologia, mais tempo precisaremos passar na companhia da natureza”.

Se quisermos promover a saúde e bem estar da nossa espécie precisaremos equilibrar a balança entre o tempo que passamos em ambientes fechados, conectados à internet e assistindo à televisão, e o tempo que dedicamos à atividades ao ar livre, em contato direto com a natureza.

Ele também sugere que, para cada R$1 gasto pelo sistema educacional, nas escolas de um país, em projetos ligados à tecnologia, como por exemplo acesso à internet, seja gasto no mínimo  o mesmo valor em projetos voltados a reconexão das crianças à natureza.

APROVEITE A PROMOÇÃO DE LANÇAMENTO DO LIVRO: A TURMA DA FLORESTA – UMA BRINCADEIRA PUXA OUTRA

 

criança e natureza

 

CRIANÇA E NATUREZA –  COMO EQUILIBRAR ESTA BALANÇA

Entrevistado por Alexandre Mansur,  da revista Época, Richard Louv  diz:

“Nas próximas décadas, os desafios ambientais exigirão mudanças fundamentais em nossas vidas e nas instituições. Precisaremos de líderes que entendam como o mundo natural funciona e como os humanos são parte da natureza.”

 

 

Acompanhe os trechos principais da entrevista que fala sobre como promover a relação criança e natureza, cidades amigáveis para a infância, políticas públicas e como integrar  natureza e escolas.

Por que as crianças precisam de contato com a natureza?
Richard Louv – O professor de Harvard Edward O. Wilson tem uma teoria chamada biofilia. Ele sugere que os seres humanos têm atração inata pela natureza. E que precisamos de experiências na natureza para nossa saúde mental e física. A pesquisa, a experiência e o bom-senso sugerem que nossa atração e necessidade de ambientes naturais e envolvimento com outras espécies são fundamentais para nossa saúde, nossa sobrevivência e nosso espírito. Essa conexão é parte de nossa humanidade.

Quando o senhor fala de contato com a natureza está se referindo a parques ou jardins urbanos ou a áreas naturais selvagens como as de parques nacionais?
Louv – Idealmente, o que chamamos de natureza deveria ser uma incubadora de biodiversidade. Devia servir para restabelecer a saúde e o bem-estar dos humanos. Devia ser um santuário para a vida selvagem e plantas nativas. Mas qualquer espaço verde oferece benefícios para o bem-estar físico e mental das crianças. A conexão com a natureza deve ser ocorrência diária. Se projetarmos as cidades para funcionar em harmonia com a natureza e a biodiversidade, essa conexão será um padrão comum. Uma novidade interessante agora é a popularidade crescente da natureza nas pré-escolas. É lá que as crianças aprendem sobre vida selvagem, enquanto aprendem a ler. Nas próximas décadas, os desafios ambientais exigirão mudanças fundamentais em nossas vidas e nas instituições. Precisaremos de líderes que entendam como o mundo natural funciona e como os humanos são parte da natureza.

A maioria da população vive em cidades. No Brasil, isso significa metrópoles com pouca conexão com a natureza. Quais são as consequências para as crianças que crescem cercadas por cimento e asfalto com pouco ou nenhum contato com a natureza?
Louv – À medida que as crianças passam menos tempo em áreas naturais, seus sentidos ficam limitados, no sentido fisiológico e psicológico. Acrescente a isso uma infância exageradamente organizada e a desvalorização das brincadeiras espontâneas. Isso tem enormes consequências para as capacidades de a criança se autorregular. Isso reduz a riqueza das experiências humanas e contribui para uma condição que chamo de “transtorno de déficit de natureza”. Criei esse termo como uma expressão forte para descrever  o que muitos de nós acreditam que sejam os custos da alienação da natureza. Entre esses prejuízos estão um menor uso dos sentidos, dificuldades de atenção, índices elevados de doenças mentais, maior taxa de miopia, obesidade adulta e infantil, deficiência de vitamina D e outros problemas. A ciência estabeleceu correlação entre experiências no mundo natural e melhoras em todas essas condições. É óbvio que o transtorno de déficit de natureza não é um diagnóstico médico. Mas podemos considerá-lo como uma doença da sociedade. Hoje, crianças e adultos que trabalham e estudam num mundo cada vez mais dominado pelo ambiente digital gastam grande energia bloqueando muitos dos sentidos humanos, inclusive alguns que nem sabemos que temos. Fazem isso para concentrar de forma estreita o foco na tela diante dos olhos. Essa é a definição exata de estar menos vivo. Qual pai quer que seus filhos estejam menos vivos? Quem dentre nós quer estar menos vivo? A questão aqui não é ser contra a tecnologia, que nos oferece muitos benefícios, mas encontrar um equilíbrio. Precisamos oferecer a nós e nossas crianças uma vida rica e um futuro rico em natureza.

Estamos ensinando nossas crianças a valorizar a natureza?
Louv –  Nos Estados Unidos – e, pelo que sei, no Brasil –, o mundo natural foi desvalorizado na mídia e na educação, com exceção de alguma ênfase em espécies carismáticas. Mas estamos vendo algum progresso. Um número crescente de homeschoolers [crianças que estudam em casa] e escolas primárias e secundárias independentes estão incorporando experiências naturais no ensino. Não é só ler sobre natureza, mas usar os hábitats naturais como ambiente para várias atividades. Algumas escolas de vanguarda também estão fazendo isso. Estou otimista que isso continue a se expandir à medida que educadores e pais aprendam mais sobre a relação entre a natureza e o desenvolvimento infantil. Num cenário ideal, novas escolas serão projetadas com a natureza em mente. E as escolas antigas serão reformadas com espaços de recreação que incorporam a natureza no projeto central. Outra abordagem é usar as reservas naturais para trabalhos escolares ou a inclusão de fazendas e sítios como parte dessas novas instalações escolares. Precisamos incorporar a educação da natureza, e o conhecimento dos efeitos positivos, no treinamento de todo professor. Precisamos dar crédito aos muitos professores que insistiram em expor seus alunos à natureza, apesar da tendência na direção oposta rumo a um mergulho na tecnologia e na desvalorização das atividades ao ar livre. Os professores e escolas não podem fazer isso sozinhos. Os pais, políticos e toda a comunidade precisam participar. Esse tema precisa ser incluído nas faculdades de pedagogia.

O contato com a natureza é instrumento pedagógico?
Louv – Fala-se muito de tecnologia nas escolas. Mas a grande vanguarda em educação não são tablets nem computadores, mas pomares, hortas e jardins. Pesquisas sugerem que o contato com a natureza é elemento fundamental para nossa habilidade de pensar e criar. Precisamos da natureza como antídoto para alguns dos efeitos negativos da tecnologia. A maior capacidade multitarefa é viver simultaneamente no mundo digital e no físico. Quanto mais hi-tech nossa vida fica, de mais natureza precisamos. Na educação, para cada dólar investido em tecnologia virtual, precisamos investir o mesmo no mundo real – especialmente criando mais ambientes de aprendizagem em áreas naturais. Se fizermos isso, as crianças ficarão bem. Recentemente, visitei uma escola com ensino baseado na natureza numa região pobre. A escola tem conseguido mais avanço acadêmico do que qualquer outra no local.

Os próprios pais e professores também perderam suas conexões com o mundo natural. O que podemos fazer?
Louv – Muitos adultos estão dando mau exemplo. Eles ficam cada vez mais dentro de espaços fechados. Passam mais tempo com os eletrônicos e, como seus filhos, sofrem problemas de saúde relacionados a isso. O aumento da obesidade para adultos e jovens é um sintoma. A maioria das crianças e jovens simplesmente não sabe o que está perdendo. Nunca é cedo demais – ou tarde demais – para ensinar crianças e adultos a apreciar e se conectar com atividades ao ar livre. Pessoalmente, acho que passar tempo ao ar livre é vital para todas as idades. Certamente é verdade que líderes em conservação tiveram experiências na natureza que mudaram suas vidas durante a infância. Logo, as crianças de hoje que tiverem essas experiências positivas na natureza vão dar uma grande contribuição à sociedade como cuidadores da Terra. Se a hipótese de biofilia de E.O. Wilson estiver correta, nós, como espécie, estamos geneticamente programados para termos afinidade com o resto da natureza. Se isso for verdade, então nunca será tarde e você nunca estará velho demais para destravar essa conexão.

Se as pessoas têm tantos bons sentimentos associados à natureza, por que tantos aceitam o desmatamento para a expansão urbana?
Louv- Uma razão é a competição econômica baseada na falsa premissa de que a natureza e a vida humana são coisas separadas. No entanto, muitas pessoas estão percebendo que criar mais natureza nas imediações é um bom investimento. Os benefícios de áreas naturais nas proximidades pode ser sentido pelos sistemas de saúde. Também têm efeitos positivos no sistema de educação, para a qualidade de vida, para o valor das propriedades e nos índices de criminalidade.

O senhor acredita que a exposição à natureza pode reduzir o uso de Ritalina para tratamento de síndrome de déficit de atenção?
Louv – Várias pesquisas relacionam a experiência na natureza com a redução dos sintomas de síndrome de déficit de atenção. Alguns dos trabalhos mais importantes nessa área foram feitos no Laboratório de Pesquisa de Humanos e Ambiente da Universidade de Illinois por Andrea Faber Taylor, Ming Kuo e William Sullivan. Em uma série de estudos, eles descobriram que espaços ao ar livre estimulam brincadeiras criativas, melhoram o acesso da criança à interação positiva com adultos e reduzem os sintomas de síndromes relativas a déficit de atenção. Quanto mais verde for o ambiente, maior o benefício. Em compensação, atividades internas ou atividades ao ar livre em áreas pavimentadas prejudicam as crianças. Os pesquisadores descobriram que contato com áreas verdes durante a infância – mesmo que olhando uma paisagem verde pela janela – reduz especificamente os sintomas de déficit de atenção. Como eles escreveram na revista científica Environment and Behavior, atividades ao ar livre em geral ajudam, mas “atividades em ambientes naturais têm maiores chances de melhorar o foco e a concentração de crianças com síndrome de déficit de atenção”. O estudo mais recente de Taylor e Kuo mostra que o grau de atenção de crianças sem medicação diagnosticadas com a síndrome era mais alto depois de uma caminhada de 20 minutos num parque com cenário natural do que depois de um passeio numa área urbana. Outros estudos na Suécia e nos Estados Unidos reforçam essas descobertas. Alguns pediatras americanos mapearam as áreas naturais, mesmo parques urbanos, na região onde atendem. Assim, eles passaram a receitar doses de natureza para os pacientes. Eles indicam os lugares aonde as pessoas podem levar as crianças para ter esse contato.

 Se os humanos são parte da natureza, não podemos dizer que os ambientes urbanos cinzentos criados pelos humanos também são, de certa forma, parte da natureza?
Louv – Sim. As cidades são parte da natureza. Mas qualquer área natural, inclusive as florestas e as instalações urbanas, pode perder o equilíbrio. Pode se autodestruir por doenças ou excesso de uso. Em 2008, pela primeira vez na história, mais de metade da população mundial vivia em cidades. A urbanização continua. A tendência significa que os humanos perderão sua conexão diária com o mundo natural. Ou significará o início de um novo tipo de cidade. Se enxergarmos apenas um futuro apocalíptico, é o que teremos. Mas precisamos imaginar uma sociedade onde nossas vidas fiquem imersas na natureza, assim como hoje estão mergulhadas em tecnologia. No ano passado, a Liga Nacional de Cidades e a Rede Criança & Natureza criaram uma iniciativa de três anos para ajudar 19 mil prefeitos americanos a deixar suas cidades melhores para as crianças e a natureza. Vemos a emergência de projetos biofílicos em nossas casas e ambientes de trabalho.

PARTICIPE: PLAYOUTSIDE – ALEGRIA DE BRINCAR NA NATUREZA 

Criança e natureza

Projeto Playoutside – Alegria de Brincar na Natureza

A mensagem deste ativista pela infância é contundente: coloquem as crianças em contato com a natureza. Toquem elementos vivos que exalam aromas. Pisem com os pés descalços na terra. Respirem fundo e voltem a sentir o mundo natural do qual somos parte.

Seu entusiasmo é contagiante. Ficou com vontade de ler o livro? Acesse o link AQUI:

Quer conhecer outras publicações que falam sobre criança e natureza?

LEIA :  TOP 10 DA EDUCAÇÃO AO AR LIVRE

Se desejar, acesse a entrevista completa aqui.

Bora verdejar a vida!☀️

 

Abraço carinhoso

Ana Lúcia Machado

 

BRINCAR NA NATUREZA

BRINCAR NA NATUREZA

Para entender a importância do brincar na natureza, primeiramente  é preciso  reconhecer  que somos seres naturais,  filhos da mãe Terra e à ela ligados.  Em segundo lugar é fundamental  ter claro que antes do ser humano se tornar Homo Sapien – um ser pensante, e Homo Faber  – aquele que faz,  ele se constitui como Homo Ludens – um ser lúdico, que brinca, joga, interage de forma brincante sob a influência de sua cultura, como afirma o historiador holandês Johan  Huizinga.

Partindo dessa premissa, podemos afirmar que brincar na natureza é fundamental para o desenvolvimento integral da criança.

Diversos estudos apontam os efeitos positivos do brincar ao ar livre na infância. Seus benefícios abrangem aspectos físicos, psicológicos,cognitivos, sociais e espirituais.

O jornalista e especialista em advocacy pela infância  Richard Louv , em seu livro “A última criança na natureza”,   traz inúmeros estudos sobre os benefícos do brincar na natureza. Entre eles, destaca uma pesquisa feita pela Universidade de Illinois que mostrou redução dos transtornos de ansiedade entre crianças de 7 à 13 após o aumento de tempo em contato com a natureza. Outro estudo feito em Massachussets em escolas, constatou que alunos tiveram aumento de desempenho e resultados satisfatórios depois de ficarem mais tempo ao ar livre.

BRINCAR NA NATUREZA

Sob o ponto de vista físico é importante ressaltar que os primeiros anos de vida da criança correspondem ao ciclo do movimento e por este motivo a criança necessita de experiências diárias de expansão e atividades corporais livres e espontâneas como correr, pular, saltar, rolar, escorregar, girar, subir e descer morros, trepar em  árvores, etc.

Para isso  precisamos  garantir liberdade, tempo, e acesso à espaços abertos, amplos, em terrenos irregulares e diversificados  –  de terra, grama, pedrinhas, que possuam elevações e declives, favorecendo assim diferentes estímulos motores e sensoriais.

BENEFÍCIOS DO BRINCAR NA NATUREZA

Tudo isso contribui para a estruturação do sistema muscular da criança e seu desenvolvimento motor,  gerando destreza corporal e domínio espacial.

Para a conquista do equilíbrio, o corpo precisa de liberdade de movimentos em diferentes direções.  A musculatura dos pés e pernas são estimuladas ao deixarmos  a criança andar de pés  descalços, promovendo desenvoltura no andar, correr e saltar.

O fortalecimento dos músculos de todo o corpo reflete  no aprendizado de forma significativa – na habilidade e força das mãos para segurar o lápis de maneira correta, e na boa estrutura dos ombros que promovem uma postura adequada gerando  concentração e foco na criança.

BRINCAR NA NATUREZA Além disso, brincar na natureza  propicia um gasto maior de energia, o que auxilia na prevenção da obesidade, no alívio de tensões, e na qualidade do sono que está diretamente ligada ao crescimento infantil.

Previne  também a deficiência de vitamina D, pela exposição aos raios solares, importante para o desenvolvimento dos ossos, e ainda propicia o exercício dos músculos oculares. O passarinho que passa voando atrai a atenção da criança que segue seu trajeto até o perder de vista. Em outro momento a descoberta de uma joaninha a passear em uma folha, permite a aproximação da criança para observar de perto. Esta alternância de foco – perto/longe – auxilia na prevenção da miopia.

Leia também: 36 motivos para conectar as crianças à natureza 

Brincar na natureza também fortalece o sistema imunológico, pois a criança entra em contato com uma série de bactérias e micro-organismos, prevenindo também o desenvolvimento de alergias.

BRINCAR NA NATUREZAOutro valioso benefício  é  que em ambientes naturais a  criança fica exposta à situações imprevisíveis  e desafiadoras. Isto possibilita importantes aprendizados, tais como saber correr riscos e medi-los. Riscos  são aqueles cujas consequências são baixas e aceitáveis, ao mesmo tempo que os ganhos de desenvolvimento da criança são altos.

Apesar de conhecermos todos esses benefícios, hoje a infância sofre com as  dificuldades e limitações de oportunidades de desfrutar do brincar na natureza, em espaços amplos. Os efeitos do crescimento desordenado das cidades, a  redução de áreas verdes, falta de segurança e qualidade dos espaços públicos ao ar livre, além da soberania da circulação de carros, levam as crianças ao confinamento. Produzindo a ilusão de proteção e segurança das crianças em ambientes fechados.

Outro fator responsável pelo isolamento da criança tem sido o excesso do mundo tecnológico. Crianças acessam cada vez mais cedo os dispositivos digitais e passam muito tempo conectadas à eles.

A Dra. Julieta Jerusalinsky, psicanalista infantil,  alerta para os perigos do uso de forma inadvertida desses dispositivos pela criança, e ressalta a importância da qualidade da experiência interativa presencial  dos adultos nos anos iniciais de vida para a estruturação psíquica infantil.

Entre os perigos citados por ela estão:  a ausência psíquica dos pais – de corpo presente mas ausentes psiquicamente em relação aos filhos;  a linguagem fria  produzida por esses aparelhos, que emitem sequências sonoras mas não estabelecem um diálogo com a criança;  e a falta de mediação dos adultos em relação ao conteúdo acessado via internet. Trata-se de informações desprovidas das experiências vivenciadas dos adultos, sem a transmissão de valores culturais.

Não se pode negar os benefícios das inovações tecnológicas, mas é preciso  chamar a atenção para as influências  e consequências  desta revolução digital na vida dos pequenos em fase de formação. Além do risco de ser viciante e causar dependência,  seu uso abusivo interfere  no convívio social, na qualidade dos relacionamentos  e fortalecimento de vínculos afetivos, reduz  os momentos de lazer da família, rouba o tempo do brincar, inibe o exercício da imaginação e criatividade da criança .

QUEM É RESPONSÁVEL PELO BRINCAR NA NATUREZA?

Aos pais cabe a responsabilidade de estabelecer  limites seguros e coerentes de tempo de uso das telas pelas crianças e de também estimular e propiciar aos filhos momentos de brincadeiras ao ar livre.

A escola como elo entre a família, a cultura e a infância, tem a responsabilidade de ampliar o mundo da criança e oportunizar o que está faltando na sociedade. As escolas estão sendo desafiadas a romper com o velho modelo de sala de aula entre quatro paredes com carteiras enfileiradas, e despertar para o potencial educador da natureza, reconhecendo outros territórios educativos como ambientes de aprendizagem  e brincar livre.

Top 10 da educação ao ar livreHoje as crianças passam a maior parte do dia dentro das instituições educacionais. Desta forma é tarefa da escola garantir espaços e atividades que promovam o equilíbrio emocional dos alunos.

Devemos nos conscientizar de que tanto a escola quanto a família desempenham um papel fundamental no  estabelecimento e incentivo da conexão das novas gerações  com a natureza, e este trabalho está ancorado na liberdade do viver natural e lúdico nos primeiros anos de vida da criança.

Conheça os livros  ‘‘A  Turma da Floresta uma brincadeira puxa outra’  e o ‘Livro da Educador brincando com a natureza’ , sinta-se inspirada(o) a brincar na natureza com as crianças.

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Abraço caloroso

Ana Lúcia Machado